Bom dia ouvintes!!!
Desculpem-nos pela queda dos serviços no dia de ontem, mas o
engenheiro de som simplesmente faltou ao serviço alegando estapafúrdias
desculpas relacionadas a trabalhos acadêmicos! Onde já se viu!
Hoje, na rádio Duda, toca sem parar um presente de fim de
ano para todos nossos fiéis ouvintes: o clássico “Layla and other assorted love
songs”!
Um “all time favorite” de 9,9 entre 10 pessoas com o mínimo
de sanidade e ouvidos funcionais, o álbum foi gravado em 1970, capitaneado pelo
grande Clapton, em seu auge.
Ele estava tocando com esses caras, Bobby Whitlock (teclados
e voz), Carl Radle (o baixista) e Jim Gordon (baquetas), fazia algum tempo.
Eles formaram a banda de apoio do George Harrison em seu primeiro álbum solo e
tocavam com Delaney & Bonnie (que estarão em post do ano que vem). Whitlock
foi morar com Clapton, que, na época, começava a abusar (e feio) de heroína e a
cantar na cara dura a esposa de Harrison, Pattie Boyd (musa de canções como “Something”,
“Layla”, “Wonderful tonight”...).
A ideia da banda era revisitar o blues, explorar novas
sonoridades. E, acima de tudo isso, fugir do que Clapton chamava de “maldição
da fama”, que ele achava ter se abatido sobre o Cream e o Blind Faith, levando
os grupos à dissolução e às brigas de egos.
O nome Derek and the Dominos surgiu dessa vontade do
anonimato, ninguém sabe muito bem como. Tem mil versões pra coisa. A que eu
mais gosto fala de um erro de pronúncia numa apresentação ao vivo: a pessoa que
ia apresentá-los deveria ler que “Del and the Dynamos” tocariam em seguida, mas
acabou lendo “Derek (pois sabia se tratar de Eric) and the Dominos (por burrice
mesmo)”. Do erro nasceu o nome.
Nas sessões de gravação, a guitarra slide ficou a cargo de
Duane Allman, de quem falamos poucas semanas atrás. As jam sessions para o disco chegaram a durar 18 horas!!! Às vezes, os
engenheiros dormiam no ponto e, diz-se, muito foi perdido. “Key to the highway”,
por exemplo, começou a ser tocada sem que ninguém estivesse gravando. Tom Dowd,
produtor da maior parte do disco, percebeu a cagada e saiu correndo para
gravar. Por isso a faixa começa com um fade-in
estranho.
Escorregões à parte, o resultado ficou ótimo! Astronômico,
absurdo, na verdade. Este modesto DJ crer tratar-se de uma das maiores demonstrações
da existência da divindade Baco em forma de vinil. Uma das melhores fusões de
blues e rock já ensaiadas. E, de fato, não se trata de um álbum de Clapton, mas
de uma banda afinadíssima.
Foi um fracasso de venda e de crítica. O anonimato foi tanto
queninguém prestou atenção. Apenas quando a turnê da banda deixou claro de
quem se tratava é que o álbum começou a se mexer. Só vendeu mesmo em 1972,
quando a banda sequer existia, mas bottoms
com os dizeres “Derek is Eric” circulavam por todo lado.
A banda se afundou no abuso de drogas. Gordon,
esquizofrênico, matou a mãe a marteladas nos anos 1980! Clapton foi capítulo à
parte. Drogas somadas à morte de seus amigos Duane (acidente de moto) e Hendrix
(de overdose) o levaram a uma big depressão que o deixou trancado em casa,
doidão, por 3 anos. Harrison e Townshend salvariam sua pele... mas este é outro
capítulo!
Por enquanto, ouçam e se divirtam com uma faixa melhor que a
outra: “Layla”, “Bell Bottom Blues”, “I looked away”, “Tell the truth”...!
Stay tuned,
Duda